© Afonso Sousa

RAQUEL ANDRÉ – Colecção de Artistas

CO-PRODUÇÃO

Cine-Teatro Louletano / Sáb 19 OUT 21h30
Espectáculo legendado em EN / Conversa pós-espectáculo com os artistas

TEATRO / 60' / M12 / 5€ - COMPRAR

É possível, através de um momento de criação de um artista, ter acesso ao artista? Ter acesso à sua história?
Colecção de Artistas é o terceiro movimento da Colecção de Pessoas. Na Colecção de Amantes, Raquel André utiliza a fotografia, nos Coleccionadores, o vídeo, nos Artistas propõe usar o seu corpo como arquivo.

Colecção de Artistas é uma colecção que se ocupa de cada artista, das suas práticas e ferramentas de trabalho, bem como dos seus pensamentos e biografias. Ao coleccionar artistas, Raquel navega sobre real e ficção, fantasia e impossibilidade, o quotidiano e a vida artística, procurando coleccionar o efémero, e transformá-lo em algo concreto e possível, através de um meio artístico e poético.
Até Setembro de 2019, Raquel coleccionou artistas em Bergen, Faro, Varsóvia, Salzburgo, Cincinnati, Nova Iorque, Loulé, Berlim, Orleães, Lisboa e Porto.
No Verão Azul é possível ver também a Colecção de Amantes.


Criação: António Pedro Lopes, Bernardo de Almeida e Raquel André
Produção: Missanga
Cenário: Jozef Wouters
Música: Odete
Desenho de Luz: Carin Geada
Figurino: José António Tenente
Colaboração Artística: Joana Brito Silva
Apoio Financeiro ao Projeto: República Portuguesa – Cultura / DGArtes
Co-produção: Teatro Nacional D.Maria II, BIT Teatergarasjen (NOR), Contemporary Art Center Cincinnati (EUA), Tanzfabrik (GER), Cialou / Mysl Foundation (POL), casaBranca – Festival Verão Azul / Cine-Teatro Louletano, O Espaço do Tempo e FITEI
Residências Artísticas: BIT Teatergarasjen, Tanzfabrik, Cialou / Mysl Foundation, Cine-Teatro Louletano, Teatro das Figuras – Faro, O Espaço do Tempo, FITEI, SZENE (AT), Contemporary Art Center Cincinnati, CDN Orleáns (FR), Chocolate Factory Theater (EUA)
Apoio Financeiro às Residências nos EUA: FLAD – Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento
Apoio: apap – Performing Europe 2020, no âmbito do programa Europa Criativa da União Europeia.

Raquel André nasceu em Caneças em 1986.
Um dia pegou numa caixa de papelão cheia de cartas escritas à mão, correspondência de uma família nos anos 70, 80 e 90 e daí criou o seu primeiro trabalho autoral em 2009. Desde então que se tem interessado pelo coleccionismo, especialmente pelo Coleccionismo nas Artes Performativas, tendo sido a sua dissertação de Mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro.O Brasil revelou-se um período de crescimento profissional e artístico enorme que lhe trouxe novas perspectivas e amadurecimento que inevitavelmente influenciaram o seu trabalho.
É licenciada pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, estudou e aproximou-se de vários artistas portugueses de diversas linguagens artísticas. Apresentou as suas criações em Portugal, Espanha, Polónia, Alemanha, Bélgica, Cuba, Argentina, Brasil, Noruega, EUA e Itália.
Desde 2018 que orienta uma oficina de criação teatral para jovens adolescentes no Teatro Nacional D. Maria II.


Grupo de Crítica VA9 – Áudio & Textos

Conversa 20 OUT 2019 – Auditório do Solar da Música Nova (Ponto Encontro Loulé)

Sobre Colecção de Artistas de Raquel André
Texto de Soraya Ferreira Alves
Como colecionar o incolecionável? Em sua apresentação “Coleção de Artistas”, Raquel André apresenta, de forma criativa, a poiesis de cada um dos e das artistas escolhidas, ou melhor, colecionadas por ela. Raquel nos conta que cada uma das pessoas abordadas trouxe a ela o que considerava importante falar sobre sua arte. E aí se encontra a sensível percepção da “nossa” artista: a interpretação da subjetividade de cada um dos preciosos “itens” de sua coleção.
Raquel cede seu corpo, seu lugar no palco, para um lindo encontro de subjetividades; sim, pois suas escolhas também são subjetivas. Seu rápido encontro com cada artista, como ela mesma diz, e o pouco tempo para trazê-los ao palco, obriga-a a escolhas muito sutis, como um oleado, uma dupla de baquetas, uma cama, um trapézio, um molde de gesso de um de seus seios, uma foto, bem como uma letra de música, um conjunto de movimentos…
A encantadora figura de Raquel ilumina a todos e todas que ela representa. Inclusive a si própria, pois faz um recorte também de peculiaridades de sua vida como artista: Ser tão bela fez sua inteligência ser questionada. Ser disléxica fez sua capacidade de atriz ser questionada. No final, bastante simbólico, ela nos conta as reflexões de uma das artistas quando em um transporte coletivo: um trágico acidente misturaria seus corpos sem vida e seu DNA. Podemos ficar a pensar no porquê desse final, com Raquel morta e ensanguentada estendida no palco, sob a foto gigantesca da atriz vestida de noiva (tirada por um dos artistas). Branco e preto. Vida e morte. Contrastes? Impossibilidades? Ou talvez uma pista da sua própria poiesis: deixar que seu DNA se misture aos dos outros e outras artistas e fazer de si mesma, a tela, o palco, o instrumento, o suporte dessas muitas subjetividades artísticas.
31 de Outubro 2019