© Tom Callemin

SILKE HUYSMANS & HANNES DEREERE – Mining Stories

ESTREIA NACIONAL

Cine-Teatro Louletano / Qui 17 OUT 21h30

Espectáculo em PT, EN e NL / Legendado em EN
Conversa pós-espectáculo com os artistas
Apoio: Flanders State of The Arts

TEATRO / 60' / M16 / 5€ - COMPRAR

No dia 5 de Novembro de 2015, uma barragem que continha resíduos tóxicos cedeu em Minas Gerais, a região mineira do Brasil. Uma inundação de lama devastadora destruiu várias aldeias antes de desaguar no longo Rio Doce.
Numa região em que três em cada quatro pessoas trabalham na indústria mineira, o desastre operou uma completa tábua rasa.

Silke Huysmans cresceu em Minas Gerais, a alguns quilómetros do lugar onde ocorreu o desastre. Vinte anos depois, regressou ao Brasil pela primeira vez com Hannes Dereere com o objectivo de falar com pessoas afectadas pelo incidente. De volta à Europa, alargaram a sua visão sobre o evento através de entrevistas com, entre outros, o economista Paul De Grauwe e o neurologista Luc Crevits. Cada um deles conta a história do desastre a partir do seu próprio contexto, com as suas próprias nuances e pontos de interesse.

A performance de teatro documental Mining Stories não é uma história de detectives ou uma reconstrução do desastre, mas uma viagem intrigante através de uma colecção diversa de histórias pessoais que cruzam tópicos como memória, política, religião e a narração de histórias.


Apoio Técnico: Christoph Donse
Cenografia: Frédéric Aelterman & Luc Cools
Transcrições Portuguesas: Luanda Casella & Miguel Cipriano
Produção: Kunstenwerkplaats Pianofabriek & Bâtard Festival
Produção Executiva: CAMPO
Co-Produção: Noorderzon Festival & KAAP Creative Compass
Residências: Veem House For Performance, CAMPO, CC De Grote Post, KAAP Creative Compass, Grand Theatre Groningen, Kunstenwerkplaats Pianofabriek & Vooruit Arts Centre
Apoios: Vlaamse Gemeenschapscommissie & Sabam For Culture and Flanders State of the Arts
Agradecimentos: a todos os parceiros interlocutores

O trabalho dos jovens criadores Silke Huysmans e Hannes Dereere (Bruxelas, Bélgica) parte de situações, acontecimentos ou lugares concretos, que traduzem assuntos mais vastos. O que os caracteriza é a forma como pesquisam os seus projectos através de investigação científica, entrevistas e trabalho de campo. Mining Stories (2016) ganhou o Prémio Zürcher Theater Spektakel Patronage de 2018.


Grupo de Crítica VA9 – Áudio & Textos

Conversa 18 OUT 2019 – Teatro das Figuras, Faro

Sobre Minning Stories de Silke Huysmans e Hannes Dereere
Texto de Soraya Ferreira Alves
Uma mulher jovem, em silêncio, no centro do palco, manipula, com o pé, um mecanismo que libera vozes, em diferentes línguas, escritas também em painéis suspensos com nomes de diferentes pessoas. Embaixo, painéis de madeira, de diferentes tamanhos, representam outras pessoas, outras vozes, que também são projetadas. A moça olha para os painéis enquanto as pessoas falam, como se falasse com elas. Dança timidamente ao ritmo da pouca trilha sonora – em compasso com as ideias. Nessa mistura, ouvem-se vozes de um economista, um religioso, uma ativista, um neurologista, além das vozes do povo, das pessoas que sofreram as perdas no acidente ambiental em Mariana, Minas Gerais, Brasil. As vozes dialogam, numa articulação feita pelos artistas Silke Huysman e Hannes Dereere. Segundo o neurologista, a memória coletiva aponta para o erro constante, o que é mostrado na performance com dados de desastres ambientais pelo mundo todo. No entanto, não apenas essa memória coletiva nos é apresentada. Há a memória das pessoas que sofreram o trauma. “A memory is always subjective“, nos fala o mesmo neurologista. A memória traumática impede as pessoas de falarem o que sofreram no acidente. Expressam suas perdas metonimicamente uma bíblia que continha antigas orações colecionadas pela mãe, a foto da mãe. “Little islands in the sea of amnesia“. O silêncio permeia o encontro de vozes. “Nada errado com um pouco de silêncio“. “Esquecer é natural“. Mas um conjunto de vozes, que causa arrepios e impacta, no clímax da performance, repete incansavelmente: “Estamos vivos! E somos muitos!” “Everything constant changes on earth“. Esperança de mudança? Da mesma forma que as vozes são misturadas e acionadas por Silke, de forma aleatória ou não, um mistério para o espectador, este também pode fazer suas captações e misturas para chegar à sua interpretação. Repetindo: “A memory is always subjective!
24 de Outubro 2019

Un Cuerpo, silencio, memoria…
Texto de Diana Bernedo Dianeska / Colectivo JAT
El pasado jueves 17 de Octubre tuve la suerte de asistir al espectáculo de teatro documental Mining stories de Silke Huysmans e Hannes Dereere. Fue un viaje inolvidable. La sencillez de la puesta en escena y la profundidad del mensaje puestas al servicio de una dramaturgia sonora y visual absolutamente orgánica e impecable. Me conmovió enormemente la sensibilidad de los artistas para leer los silencios que necesitamos para percibir, escuchar y sentir; nuestro espacio/tiempo como público que comparte la experiencia con ellos, y me encantó ese toque fino e inteligente, de comedia. Me sorprendió y me inspiró sobremanera. Sin duda es un espectáculo que quedará en mi memoria individual y en la memoria de los que asistimos y fuimos testigo colectivo de estas “imágenes sonoras” del desastre de Mariana. Gracias a los artistas y gracias al equipo del Festival Verão Azul.
19 de Octubre de 2019