ESTREIA NACIONAL Teatro das Figuras, Faro / Qui 24 OUT 23h00 CONCERTO-PERFORMANCE / 35' / M12 / 5€ - COMPRAR / Bilhete único 2 espectáculos: Burn Time de André Uerba + Storm Atlas de Dewey Dell
Storm Atlas é um concerto ao vivo que visa transliterar a transfiguração meteorológica do céu numa linguagem composta de som, movimento e luzes. Neste processo, diferentes tempestades são evocadas, invocados ou estudadas, a fim de criar representações audiovisuais do seu espírito.
Desde 2011 que a companhia de dança italiana Dewey Dell passou a ser, também, um projecto musical, que se manifesta através de concertos ao vivo com o objectivo de encontrar a ligação inseparável entre som e movimento: os músicos tocam ao vivo através de uma coreografia, e vice-versa.
Criação, Música: Dewey Dell / Agata, Demetrio, Teodora Castellucci, Eugenio Resta
Produção: Societas
Com o apoio do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa
Dewey Dell é uma Companhia Italiana de Dança com bases em Cesena, Berlin e Vilnus. Há mais de uma década que Dewey Dell procura uma carreira complexa avant-garde, inspirada continuamente e alimentada pelas imagens de história da arte e do mundo dos animais, com uma inclinação forte para explorar novos caminhos na coreografia em relação com diferentes formas de arte.
O colectivo é formado por quatro pessoas: Teodora Castellucci é a coreógrafa, Demetrio Castelucci compõe a música, Eugenio Resta desenha os cenários e as luzes, Agata Castellucci faz assistência e é curadora da direcção colectiva e de toda a produção.
Os seus concertos coreografados ao vivo têm sido apresentados em diferentes eventos importantes, como no festival Arma Save em Moscovo, no Erarta Museum of Contemporary Art em São Petersburgo, no Dancity Festival em Foligno, no roBOT em Bolonha e no Cabaret Voltaire em Zurique.
Grupo de Crítica VA9 – Áudio & Textos
Sobre Storm Atlas de Dewey Dell
Texto de Lélia Madeira
Que língua falam os Dewey Dell? Não consegui reconhecer e quem estava comigo também não. Mas eles – dois homens e duas mulheres – entendiam-se bem, mesmo estando a enfrentar uma forte tempestade num espaço exíguo. Entendiam-se tão bem que, por vezes, pareciam um só.
Este fenómeno foi sol de pouca dura, mas durou o bastante para nos inquietar com sons, ritmos e movimentos como se tratasse de uma performance de percussão. Esta tempestade não foi notícia na comunicação social, apesar de estar preparada para isso, porque até tinha um nome em inglês e tudo: Storm Atlas.
31 de Outubro 2019
Impressões sobre concerto / performance Storm Atlas – Dewey Dell
Texto de Tata Regala
Som maquinal de quatro performers envoltos em breu e bruma, confinados a um cubo invisível de dois metros cúbicos. Os músicos robotizados tocam, cantam e agitam-se inquietamente e inquietantemente. Ora puxam, ora agarram, ora invertem ora se amparam, usando a repetição catatónica como uma batida de desafio e provocação. Parecem dizer: “Tu também és assim… uma marioneta pendular cuja música me soa agreste”; ”Tu também tens revolta no teu olhar inexpressivo”; “Tu que me olhas, esforças-te por ficar quieto porque o meu coração bate mais forte sem precisar de ser empático”…
Um concerto surpreendentemente poderoso que não se compadece de convenções musicais e harmonias. Músicos que invadem o palco sem saírem da sua cela exígua, forçados à intimidade do toque cuja qualidade se estranha. Dewey Dell é um projecto musical que dá corpo e som a “Storm Atlas”, deixando-nos, espectadores, a tempestade de uma explosão de energia primitiva aliada a um som percussivo tiranizante.
30 Outubro 2019